
O desenvolvimento dos meios de comunicação e sua relevância e dimensão social de que dispomos no momento , demonstram outra perspectiva , uma dimensão racional e positiva entre povos, nações e comunidades. As edições dos jornais diários escritos e falados, as imagens da tv, a comunicação através dos aparelhos eletrônicos de computação, telefones celulares tendem a tornar uma sociedade mais justa, informada e solidária.
A liberdade da imprensa, recentemente reafirmada em nosso país com o projeto do dep. Miro Teixeira, que alterou de maneira substancial a Lei de Imprensa, como bem informou a Voz de São João em seu editorial do número passado, “A Lei da Mordaça”, demonstra que os meios de comunicação são essenciais e admiráveis.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, editada na ONU, em seu artigo 19 , estabelece que: “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração das fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.”
Todavia, esse modo massivo de transmitir noticias nem sempre se propõe a trazer paz e justiça para tantos e quantos assistem as comunicações, as propagandas, as noticias e dramatizações da vida atual. Estamos vivendo uma época neurótica, traumatizante, na qual a violência e a falta de respeito pelo ser humano são a tônica diária da comunicação e das nossas relações individuais e comunitárias. Essa atitude atenua o homem e a mulher, tornando normal os acontecimentos, e muitos dão “graças a Deus” por não ser humilhado, traído, decepcionado, ferido e ou até por estar vivo.

O poder dos grandes conglomerados da comunicação, a globalização e o profissionalismo sem fronteiras da mídia trazem quotidianamente desafios para o aspecto social e moral da comunicação no seu todo.
O historiador, estudioso e editor do jornal “Washington Post”, refletindo sobre a comunicação e o o homem de hoje revela:
“Não há nada na história que se possa comparar ao poder desse conglomerado empresarial para penetrar no panorama social. Mediante o uso de velhas e novas tecnologias, através do intercâmbio de ações, alianças e projetos conjuntos e outras formas de cooperação, esse punhado de gigantes da comunicação criou o que de fato não é outra coisa que um novo cartel ... Não está em jogo apenas uma estatística financeira .. O que está em jogo é a posse do poder para envolver todo homem , mulher ou criança com imagens e palavras controladas... Esse poder supõe a capacidade de influenciar todos em muitos aspectos, e é maior que o das escolas, das religiões e do próprio governo...”
Esse monopólio até antiético dos meios de comunicação poderia ser do bem comum, mas em muitos aspectos deturpam seu ponto fundamental. O que nos é servido diariamente pelos meios de comunicação embaçam nossas idéias chegando a impossibilitar que mentalizemos o que é favorável ou não para nossos olhos e para os dos nossos filhos.
Como nos esclarece Attilio Hartmann, jornalista, doutor em Comunicação, vice-presidente da OCLACC, Organização Católica Latinoamericana e Caribenha de Comunicação e jesuíta:
“Uma reversão urgente e necessária para a criação de uma nova ordem comunicativa na qual as mídias, os processos e as políticas de comunicação estejam, realmente, a serviço do bem público e as pessoas encontrem também no espaço das comunicações razões e força para um sentido maior do seu existir.”
Para maiores informações: Hartmann, Attilio, “Espaço da festa, espaço de Deus”, Ed. Paulinas, 1987; Puntel, Joana T., “ Igreja e a democratização do comunicação”, Paulinas, 1994; Arthur, Chris, “A globalização das comunicações: algumas mplicaçõe. “, São Leopoldo, RS, Sinodal, ed. 2000.
