No dia 2l de abril comemoramos 218 anos da morte de Tiradentes, uma das alcunhas do alferes Joaquim José da Silva Xavier. Executado no antigo largo da Lampadosa, atual Praça Tiradentes, Rio de Janeiro. Está com a barba e o cabelo raspados, veste um camisolão de pano branco grosseiro, traz um crucifixo nas mãos atadas; vem num cortejo da atual praça XV acompanhado da multidão, sobe o cadafalso e é enforcado segundo a sentença de Maria I, a rainha portuguesa que decretou: ”... conduzido em via pública, ao lugar da forca para morte natural (!) e bem seja cortada a cabeça para exposição em Vila Rica, em lugar público... e o corpo dividido em quatro partes espalhado em postes no Caminho de Minas até que o tempo o consuma...”
Nos bancos escolares é apresentado como herói da Inconfidência Mineira, sem, no entanto, esmiuçar o currículo do mineiro também conhecido como “Corta-vento”, “Liberdade” e o médico e dentista “Tiradentes”.
Nasceu em 1746, na Fazenda do Pombal, nas cercanias de S. João Del Rei do Rio das Mortes, hoje município de Tiradentes; ficou órfão aos 12 anos e trabalhou nas terras herdadas com seus irmãos como lavrador; a partir dos 20 anos passou a exercer a função de dentista, daí sua alcunha, oficio aprendido com seu padrinho; foi tropeiro de mulas, no Caminho Novo, sertão mineiro; trafegou até o Rio de Janeiro e Bahia. Sua remuneração era escassa, vivendo com dificuldades. Nessa ocasião foi detido pelas autoridades pela primeira vez, por defender um escravo. Labutou também como minerador e medico até alistar-se como alferes (= subtenente), no Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, onde comandou por diversas vezes destacamentos em perigosas missões para enfrentar os ladrões de ouro, diamantes e produtos da pecuária e agricultura, que grassavam na região. Não foi reconhecido pelos seus superiores, por preconceito, inveja, com humilhações, até mesmo pelo comandante da guarda Luiz da Cunha Menezes; era sua “pedra de tropeço”, que todos nós deparamos na nossa existência. “Pelos caminhos do mundo nenhum destino se perde, há um grande sonho dos homens e a surda força dos vermes.”
Tiradentes também apresentou projetos para canalização do rio Maracanã, Rio de Janeiro, com construção de córregos, tanques, construção de trapiches, do cais para as barcas Niterói-Rio, sem o devido apoio das autoridades de então, mas que anos depois foram projetos aceitos, executados e até hoje utilizados diariamente pela população carioca.
Com a queda da produção mineral a Coroa Portuguesa passou a exigir mais dos mineradores, aumentando os tributos até mesmo sobre a produção pecuária e da lavoura.
Nessa época Tiradentes, após suas leituras e entendimentos com seus parceiros, passou a se influenciar com o desfecho da Revolução Francesa, com as idéias de Thomas Jefferson, com as lições dos iluministas Rousseau, Voltaire, Loche, Montesquieu, passando a reunir-se com outros mineiros também insatisfeitos com a administração portuguesa sufocante e que projetavam a nova República de Minas: Tomas Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, José Joaquim Maria, Domingos Barbosa, Cláudio Manoel da Costa, Francisco Paula Freire e outros. Foi criada a bandeira com a inscrição “libertas quae será tamen”, extraída da 4ª.Égloga( = poesia recitada em diálogo), de autoria de Virgilio, celebre poeta latino falecido em 19 a.C. “Liberdade ainda que tardia”.
Esboçaram os planos e diretrizes da república brasileira e propuseram a revolta para o dia da “derrama”, uma cobrança exorbitante e forçada de 538 arrobas de ouro, com confisco dos bens, executada pelo governador Luis Antonio Furtado de Mendonça, Visconde de Barbacena; todavia, no meio dos revoltosos surgiram os traidores o coronel Joaquim Silvério dos Reis , Inácio Pamplona e Basílio Brito Malheiros, que, com a promessa de isenção da quota da “derrama” e perdão das suas dívidas, denunciaram toda a trama.
Foram presos 28 réus, alguns sentenciados com o exílio e condenação de morte; as penas foram comutadas, restando o enforcamento de Tiradentes.
Mas a história nos ensina. 30 anos depois, D. Pedro I, herdeiro da família real, proclama a independência do Brasil, concretizando parcialmente os propósitos do alferes, dentista, médico, agricultor, minerador, tropeiro, projetista, herói de Minas, Patrono cívico do Brasil etc.
Recordamos-nos de Cecília Meirelles que nos informa:
”Liberdade – essa palavra que não há ninguém que explique e ninguém que não a entenda!”
Bibliografia:
Cecília Meirelles – “Romanceiro da Inconfidência”, Edit. Aguilar, 1994.
Fundação Cultural Chico Boticário, Rio Novo, edição ano 1, n. 1.
Júlio J. Chiavenatto, “As várias faces da Inconfidência Mineira”, 1989.
Nos bancos escolares é apresentado como herói da Inconfidência Mineira, sem, no entanto, esmiuçar o currículo do mineiro também conhecido como “Corta-vento”, “Liberdade” e o médico e dentista “Tiradentes”.
Nasceu em 1746, na Fazenda do Pombal, nas cercanias de S. João Del Rei do Rio das Mortes, hoje município de Tiradentes; ficou órfão aos 12 anos e trabalhou nas terras herdadas com seus irmãos como lavrador; a partir dos 20 anos passou a exercer a função de dentista, daí sua alcunha, oficio aprendido com seu padrinho; foi tropeiro de mulas, no Caminho Novo, sertão mineiro; trafegou até o Rio de Janeiro e Bahia. Sua remuneração era escassa, vivendo com dificuldades. Nessa ocasião foi detido pelas autoridades pela primeira vez, por defender um escravo. Labutou também como minerador e medico até alistar-se como alferes (= subtenente), no Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, onde comandou por diversas vezes destacamentos em perigosas missões para enfrentar os ladrões de ouro, diamantes e produtos da pecuária e agricultura, que grassavam na região. Não foi reconhecido pelos seus superiores, por preconceito, inveja, com humilhações, até mesmo pelo comandante da guarda Luiz da Cunha Menezes; era sua “pedra de tropeço”, que todos nós deparamos na nossa existência. “Pelos caminhos do mundo nenhum destino se perde, há um grande sonho dos homens e a surda força dos vermes.”
Tiradentes também apresentou projetos para canalização do rio Maracanã, Rio de Janeiro, com construção de córregos, tanques, construção de trapiches, do cais para as barcas Niterói-Rio, sem o devido apoio das autoridades de então, mas que anos depois foram projetos aceitos, executados e até hoje utilizados diariamente pela população carioca.
Com a queda da produção mineral a Coroa Portuguesa passou a exigir mais dos mineradores, aumentando os tributos até mesmo sobre a produção pecuária e da lavoura.
Nessa época Tiradentes, após suas leituras e entendimentos com seus parceiros, passou a se influenciar com o desfecho da Revolução Francesa, com as idéias de Thomas Jefferson, com as lições dos iluministas Rousseau, Voltaire, Loche, Montesquieu, passando a reunir-se com outros mineiros também insatisfeitos com a administração portuguesa sufocante e que projetavam a nova República de Minas: Tomas Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, José Joaquim Maria, Domingos Barbosa, Cláudio Manoel da Costa, Francisco Paula Freire e outros. Foi criada a bandeira com a inscrição “libertas quae será tamen”, extraída da 4ª.Égloga( = poesia recitada em diálogo), de autoria de Virgilio, celebre poeta latino falecido em 19 a.C. “Liberdade ainda que tardia”.
Esboçaram os planos e diretrizes da república brasileira e propuseram a revolta para o dia da “derrama”, uma cobrança exorbitante e forçada de 538 arrobas de ouro, com confisco dos bens, executada pelo governador Luis Antonio Furtado de Mendonça, Visconde de Barbacena; todavia, no meio dos revoltosos surgiram os traidores o coronel Joaquim Silvério dos Reis , Inácio Pamplona e Basílio Brito Malheiros, que, com a promessa de isenção da quota da “derrama” e perdão das suas dívidas, denunciaram toda a trama.
Foram presos 28 réus, alguns sentenciados com o exílio e condenação de morte; as penas foram comutadas, restando o enforcamento de Tiradentes.
Mas a história nos ensina. 30 anos depois, D. Pedro I, herdeiro da família real, proclama a independência do Brasil, concretizando parcialmente os propósitos do alferes, dentista, médico, agricultor, minerador, tropeiro, projetista, herói de Minas, Patrono cívico do Brasil etc.
Recordamos-nos de Cecília Meirelles que nos informa:
”Liberdade – essa palavra que não há ninguém que explique e ninguém que não a entenda!”
Bibliografia:
Cecília Meirelles – “Romanceiro da Inconfidência”, Edit. Aguilar, 1994.
Fundação Cultural Chico Boticário, Rio Novo, edição ano 1, n. 1.
Júlio J. Chiavenatto, “As várias faces da Inconfidência Mineira”, 1989.
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